terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Níveis de Desenvolvimento do Aluno no Processo de Alfabetização


Níveis de Desenvolvimento do Aluno no Processo de Alfabetização

    O processo de alfabetização passa por vários níveis e não são processos mecânicos, mas sim processos que envolvem diferentes metodologias para dar um suporte na estrutura da leitura e da escrita, que exige alto grau de abstração.

    Para que o professor possa auxiliar na superação das possíveis dificuldades apresentadas pela criança na apropriação da leitura e da escrita é necessário que conheça os quatro níveis de desenvolvimento da criança na aquisição da habilidade de ler e escrever.

  • 1 – Nível pré-silábico

    Que é a diferenciação que a criança estabelece entre o desenho e a escrita, ou seja, de rabiscos para os traços da escrita.

 

  • 2 – Nível silábico

    Neste nível cada letra ou sinal gráfico corresponde a uma emissão sonora. É a descoberta de que a quantidade de letras com que se vai escrever corresponde com a quantidade de partes que se reconhece na linguagem oral. Quando a criança utiliza a escrita conforme o som.

 

  • 3 – Nível silábico-alfabético

    Neste nível a escrita já possibilita leitura por parte do adulto, porque falta apenas uma ou outra letra que não impede a dedução do que se pretende escrever.

    A criança encontra um conflito entre hipótese silábica e quantidade mínima de caracteres, tendo dificuldade em coordenar as hipóteses que se deu no curso dessa evolução, bem como o meio que a ofereceu.  E ela descobre que a sílaba não pode ser uma unidade, e que ela pode ser composta por elementos menores (as letras), surgindo assim novos problemas para ela. Percebe-se dessa forma

 (quanto ao eixo quantitativo) que uma letra não pode ser uma sílaba, porque existem sílabas com mais de uma letra; e que a identidade do som não garante a identidade das letras; nem a identidade das letras a do som. Descobre que existem letras com a mesma grafia e vários sons, que há sons iguais e grafias diferentes e que na maioria das vezes não se fala o que se escreve e vice-versa.

    Começa aqui novos conflitos ao vivenciar os problemas ortográficos que inicia neste período e se estende por todo o processo e acaba confundindo as hipóteses dos níveis silábicos e alfabéticos ao mesmo tempo.

    Neste nível a criança apresenta muitas dificuldades. Ex:- grafa algumas sílabas completas e outras incompletas;  - acrescenta letras à fase anterior (silábico);

    - apresenta ausência de letra na sua escrita; que não pode ser considerado um retrocesso e sim uma progressão nos níveis conceituais.

    Nesta fase inicia-se a leitura independente de textos, palavras, livrinhos, algumas soletram para ler. E outras já vêem as sílabas simples na sua totalidade. E podem fazer seu trabalho de leitura e escrita com diferentes tipos e modalidades de letras. Nesta fase de leitura já fazem predição, antecipação do significado das palavras, que são inferências básicas neste processo.

    Há dificuldades na leitura e escrita que começam com vogais; podendo fazer a inversão das letras tanto na leitura quanto na escrita.

Ex: amora lêem e escrevem : maora.

    Com essa desestabilização das hipóteses pré-silábica e silábica, onde ora a criança constrói escritas silábicas, ora escritas alfabéticas.

(estando nos dois níveis simultaneamente).

    Nesta fase o professor deverá articular um trabalho que vise à compreensão da criança, ordenadas e compostas necessariamente de vogais e consoantes; direcionando as tarefas ao destaque silábico, visando a percepção da criança dos pedaços da fala em seus escritos e de como são representados. A criança precisa assimilar e compreender a correlação entre a escrita e a fala, tomando como ponto de partida que a escrita funciona como um sistema de representação da linguagem oral das crianças. É o momento transitório da oralidade para a escrita.  E é no âmbito da oralidade que os escritos das crianças querem enquanto representação dos pedaços de sua fala quer no contexto de vida para a interpretação, ganham significados por menores e mais fragmentados que sejam.

  • 4 – Nível alfabético

    Neste nível a criança já domina a leitura e a escrita e utiliza os caracteres de acordo com a quantidade de fonemas.

    Dessa forma, no processo de alfabetização em todos os níveis são importantes e necessários. Cada criança assimila gradativamente, ora avançando ou retrocedendo. E que no aprender faz-se preciso passar por inúmeras etapas sucessivas, onde o conhecimento é pessoal e intransferível que pode ser reestruturado pelo sujeito que aprende.

    Neste momento, o meio social interfere na escrita, pois o contato com a linguagem é que vai determinar uma escrita mais elaborada.

    Conclusão

    Porém a escrita, assim como qualquer outra habilidade pode apresentar dificuldades em seu desenvolvimento. Para tanto, todas as estratégias e metodologias serão necessárias para sanar os problemas detectados no decorrer do processo de alfabetização.

    Portanto, podemos ressaltar que até hoje os problemas apresentados na leitura e na escrita vem sendo exposto como uma questão de método, onde podemos citar o método sintético que parte de elementos menores que a palavra e o método analítico que insisti na correspondência entre o oral e o escrito, entre o som e a grafia, indo das partes ao todo.

 Agora a linguística desenvolveu o método fonético, iniciando pelo fonema associando à sua representação gráfica.

  • Sendo necessário que o sujeito seja capaz de isolar e reconhecer os diferentes fonemas para poder relacioná-las aos sinais gráficos. Para isso precisamos estabelecer questões prévias; pronúncia correta e evitar confusões entre fonemas que as grafias e forma semelhantes sejam apresentadas separadamente.
  • Existem divergências entre os diferentes métodos, mas que do ponto de vista inicial, aprendizagem da leitura e da escrita seja uma questão mecânica, concebe-se a escrita como transcrição gráfica da linguagem oral com a imagem, ou seja, ler significa decodificar o escrito em som. Sendo que o método será mais eficaz se a escrita estiver de acordo com os princípios alfabéticos, mas nem sempre isso será possível, podemos começar pela ortografia regular onde palavras e grafias coincidam com a pronúncia.
  • As cartilhas, os livros de iniciação a leitura, tentam conjugar todos esses princípios, dissociando dessa forma a leitura da fala. Por isso, há aspectos fundamentais a considerar: a competência lingüística da criança, sua capacidade cognoscitiva para mudar a visão da criança que atravessa umbrais na alfabetização. Todo esse processo de construir a leitura e a escrita requer reflexões sobre a nossa prática para buscar alternativas de melhoria para as nossas crianças.

  • Portanto, a forma como cada criança constrói seu conhecimento são diversos e trilham diferentes caminhos: percepção, ação, memória, imitação, classificação, ordenação e significação. Todos esses aspectos precisam ser trabalhados e desenvolvidos pelas crianças através de diferentes estratégicas para atingir os objetivos propostos e se chegar ao caminho da alfabetização.

 

 

 

 

NÍVEL SILÁBICO-ALFABÉTICO


NÍVEL SILÁBICO-ALFABÉTICO

A criança silábica, a medida que vai verificando a insuficiência de sua hipótese de associar uma letra para cada sílaba oral, amplia o seu campo de fonetização.

   Em vez de fonetizar cada palavra, preocupando-se com as sílabas orais como unidades lingüísticas, ela inicia a fonetização de cada sílaba, percebendo normalmente que é constituída de mais de uma letra. A criança vislumbra assim o princípio alfabético da escrita e avança para o nível silábico-alfabético.

   Para a criança silábica é impossível ler o que as pessoas escrevem convencionalmente. A criança acha que sempre sobram letras na escrita convencional, ou seja, tem mais letras nas palavras do que os sons emitidos na fala.

    A criança silábica entras em conflito porque sabe que, nos livros e nas escritas de pessoas alfabetizadas, a grafia é correta, e que essas pessoas têm a autoridade de saber ler e escrever.

  É muito importante para a criança que avança para o nível silábico-alfabético conhecer a grafia adequada de algumas palavras através da autoridade do contexto cultural que a cerca - " a dos alfabetizados".

     O confronto entre grafias corretas de palavras e o tipo de escrita silábica (em vias de ser abandonada) produzida pela criança, é fonte de reflexão e ajuda na passagem para o nível silábico-alfabético, porque a criança percebe a necessidade de colocar mais letras do que as que põe no nível silábico.

    As crianças neste nível aumentam o número de letras em suas escritas de duas formas:

  • Ou voltam a escrever com muitas letras e com quaisquer letras abandonando a hipótese silábica;
  •  Ou continuam escrevendo silabicamente, acrescentando no final da palavra que escrevem mais letras aleatoriamente, conservando em parte a hipótese do nível silábico, podendo haver conflito entre a escrita silábica e a quantidade mínima de letras.

Tais comportamentos confundem muitos os professores/alfabetizadores, que precisam estar atentos para entender e analisar essas situações.

 Este tipo de solução, de aumentar o número de letras é que caracteriza o nível silábico-alfabético, apesar de ser uma solução que resolve apenas uma parte do problema.

  A criança escreve então, nas palavras, algumas sílabas só com uma letra e outras sílabas com duas letras. Mas ainda vai persistir o problema da decodificação, de como ler o que escreveu.

Nível conceitual – silábico-alfabético

CARACTERÍSTICAS DA ESCRITA E DA LEITURA
Nível conceitual – silábico-alfabético
  •    Conflito entre a hipótese silábica e a exi­gência de quantidade mínima de caracteres.
  • Dificuldades da criança em coordenar as hipóteses que foi elaborando no curso dessa evolução, assim como as informações que o meio ofereceu.
  • A criança descobre que a sílaba não pode ser considerada como unidade, mas que ela é composta de elementos menores - as letras. Enfrenta novos problemas:
  •   no eixo quantitativo, percebe que uma letra apenas não pode ser considerada síla­ba porque existem sílabas com mais de uma letra. Assim, sem nenhum critério, vai aumen­tando o número de letras por sílabas.
  • no eixo quantitativo, a criança percebe que a identidade do som não garante a identidade das letras, nem a identidade das letras, a do som. Existem letras com a mes­ma grafia e vários sons. Descobre que exis­tem sons iguais com grafias diferentes e que, na maioria das vezes, não se fala o que se escreve e não se escreve o que se fala.
  • A criança enfrentará novos conflitos ao vivenciar os problemas ortográficos que se ini­ciam no nível silábico-alfabético e se estenderão por todo o processo acadêmico.
  • A criança procura acrescentar letras à escrita da fase anterior (silábica).
  • Grafa algumas sílabas completas e outras incompletas (com uma só letra por sílaba). Usa as hipóteses dos níveis silábico e silábico-alfabético ao mesmo tempo.
 
 

OS NÍVEIS DA ESCRITA DE ACORDO COM EMÍLIA FERREIRO


OS NÍVEIS DA ESCRITA  DE ACORDO COM EMÍLIA FERREIRO

     Emília Ferreiro afirma que existe um processo de aquisição da linguagem escrita que precede e excede os limites escolares. Precede-os na origem; e os excede em natureza, ao diferir de maneira notável do que tem sido considerado até agora como o caminho “normal” da aprendizagem (e, portanto, do ensino).

      Numa sociedade alfabética, ninguém ensina as crianças como escrever silabicamente, no entanto elas inventam esse tipo de escrita construindo ao mesmo tempo um poderoso esquema interpretativo.

 

                  Sabemos que a criança passa por uma série de passos ordenados antes que compreenda a natureza de nosso sistema alfabético de escrita, e que cada passo caracteriza-se por esquemas conceituais específicos. Esses esquemas implicam sempre um processo construtivo nas quais as crianças levam em conta parte da informação dada, e introduzem sempre, ao mesmo tempo, algo de pessoal. O resultado são construções originais, tão estranhas a nosso modo de pensar, que, à primeira vista, parecem caóticas, mas é o caminho para o desenvolvimento da leitura e escrita.

 

NÍVEL PRÉ-SILÁBICO

   As partes da escrita não correspondem às partes do nome. Fase gráfica primitiva – símbolos e pseudoletras, misturadas com letras e números. As crianças escrevem letras, bolinhas e números, como se soubessem escrever, sem uma preocupação com as propriedades sonoras da escrita. Nesse nível a criança explora tanto critérios qualitativos (varia o repertório das letras ou a posição das mesmas, sem alterar a quantidade) ou critérios quantitativos (varia a quantidade de letras de uma escrita para outra, sem preocupação com as propriedades sonoras). Para elas a leitura e a escrita só são possíveis se houver muitas letras (mais de 3 ou 4), e letras diferentes e variadas.

 

                  Segue alguns exemplos de crianças de 3 anos do maternal, e 4 anos do 1º período, de uma escola municipal:

 

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NÍVEL SILÁBICO

     É a descoberta de que a quantidade de letras com que vai escrever uma palavra pode ter correspondência com a quantidade de partes que se reconhece na emissão oral. “ Pedaços sonoros” , essas partes são as sílabas e em geral, a criança faz corresponder uma grafia a cada sílaba. Inicia-se assim o período silábico, que evolui até chegar a uma exigência rigorosa. A criança já aceita palavras com uma ou duas letras. Esse nível representa um salto qualitativo da criança, que supera a etapa da correspondência global entre a forma escrita e a expressão oral atribuída.

 

                  Crianças que iniciam o ano na fase silábica ou silábico-alfabético, no segundo semestre, a maioria delas já estão no nível alfabético.

 

Exemplo: TO  MA  TE

 

                   O   A     E  

 

                  Segue alguns exemplos de crianças com 5 anos do 2º período, e 6 anos da fase introdutória de uma escola municipal.

 

 

 

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NÍVEL SILÁBICO-ALFABÉTICO

      Nesse nível existem duas formas de correspondência entre sons e grafias: silábica (sílaba é o som produzido por uma só emissão de voz) e alfabética (análise fonética e/ ou análise dos fonemas, que são os elementos sonoros da linguagem e têm nas letras o seu correspondente). A criança escreve parte da palavra aplicando a hipótese silábica, de que para se escrever uma sílaba é necessário apenas uma letra. Costuma usar somente as vogais, porque combina com uma porção de palavras, mas para eles em uma palavra, não pode repetir a mesma letra duas ou mais vezes numa escrita, pois assim o resultado será algo “não legível”. Nesse nível, a criança já começa a acrescentar letras na primeira sílaba.

 

Exemplo: TIAGO, escreveu-se TIAO

 

                 CAVALO, escreveu-se KVAO

 

                  Este tipo de escrita tem sido considerado tradicionalmente como “omissão de letras”. E verdade que do ponto de vista da escrita adulta convencional, faltam algumas letras, mas do ponto de vista do sujeito em desenvolvimento ”a criança”, este tipo de escrita é “acréscimo de letras”, porque está introduzindo mais letras que a sua análise silábica previa.

 

                  O período silábico-alfabético marca a transição entre os esquemas prévios a serem abandonados e os esquemas futuros que virão ser construídos. Começam então, a descobrir que a sílaba pode ser escrita com uma, duas, três ou mais letras, que o som não garante a identidade de letras, nem a identidade de letras a de sons, partindo assim para o nível alfabético. 

 

                Segue alguns exemplos de crianças com 5 anos do 2º período de uma escola municipal:

NÍVEL ALFABÉTICO

       Caracteriza-se pela correspondência entre fonemas e grafias. Geralmente as crianças já conseguem ler e expressar graficamente o que pensa ou fala. Compreende a logicidade da base alfabética da escrita. 

 

Exemplo: G + A = GA    /      T + O = TO , formando assim a palavra GATO.

 

                   Nesse nível, têm a distinção de letra e sílaba, palavra e frase.  A análise se aprimora e é possível a compreensão de que uma sílaba pode ter uma, duas ou três letras, mas ainda se confunde, ou se esquece de algumas letras. Muitas vezes centra sua escrita na sílaba, perdendo a noção do todo. Portanto o trabalho com sílabas dá um apoio para a escrita e possibilita uma conscientização do processo. 

 

                  A análise se aprimora e é possível a compreensão de que uma sílaba pode ter uma, duas ou três letras.

 

                  Segue alguns exemplos de crianças com 5 anos do 2º período, e 6 anos da fase introdutória de uma escola municipal.

 

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhUuNOk3iorTQwk86cTAKZr7LgCd557QmEis9yk9bq_LXf8xgcbL0bNmvPe6G4oXaeaZd17sF7FCcyi-2AyCVL7thaCG50YxkFU3D-WRrRqTrkJXGQ2pQoGTjaG1xDYrVl-EeiU6c6gciQ/s320/l.JPG

CONCLUSÃO

       Sabemos que a criança passa por uma série de passos ordenados antes que compreenda a natureza de nosso sistema alfabético de escrita, e que cada passo caracteriza-se por esquemas conceituais específicos. Esses esquemas implicam sempre um processo construtivo nas quais as crianças levam em conta parte da informação dada, e introduzem sempre, ao mesmo tempo, algo de pessoal. O resultado são construções originais, tão estranhas a nosso modo de pensar, que, à primeira vista, parecem caóticas, mas é o caminho para o desenvolvimento da leitura e escrita.

 

                   É muito difícil julgar o nível conceitual de uma criança, considerando unicamente os resultados, sem levar em conta o processo de construção. Só a consideração conjunta do resultado e do processo permite-nos estabelecer interpretações significativas.

 

REFERÊNCIAS

BARBOSA, José Juvêncio. Alfabetização e leitura. (coleção magistério-série formação do professor). 2 ed. São Paulo:  Cortez Editora, 1994.

FERREIRO, Emília. Reflexões sobre alfabetização. 24 ed. São Paulo: Cortez Editora, 2001. 104 p.

FERREIRO, Emília. Alfabetização em processo. São Paulo: Cortez Editora, 1980. Autores Associados.