Ensinar não é transferir conhecimentos.
O Discurso teórico deve
estar coerente com a realização concreta do processo educacional. É preciso
saber que ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades
para a sua própria produção ou construção. O professor deve estar aberto a
indagações, à curiosidade, à inquietação dos alunos. Essa é uma postura própria
de quem pensa certo.
2.1 Ensinar exige consciência do inacabamento.
A História é um tempo de
possibilidades e não de determinismo. Daí que insista tanto na problematização
do futuro e recuse sua inexorabilidade. O professor crítico deve estar
predisposto a mudança, à aceitação do diferente. Devemos partir para a prática
educacional a partir do inacabamento do ser que é próprio da experiência vital,
porém, apenas os humanos tornaram-se conscientes do inacabamento.
Nossa condição humana muda de
qualidade com relação à vida animal no suporte. O suporte, é o espaço, restrito
ou alongado, a que o animal se prende “afetivamente” para resistir. Nos outros animais falta no suporte à
linguagem conceitual, a inteligibilidade do próprio suporte de que resultaria a
comunicabilidade do inteligido. Nós humanos, somos seres éticos porque criamos,
comparamos, ajuizamos e decidimos valores, damos forma ao mundo, fomos nos
habilitando a inteligir o mundo, criando necessariamente a linguagem do
inteligido.
2.2 Ensinar exige o reconhecimento de ser condicionado.
Somos seres condicionados, porém,
historicamente e socialmente o individuo que alcança a consciência do
inacabamento pode ir além dele. Homens e mulheres se tornaram educáveis na
medida em que se conheceram inacabados. É na consciência da inconclusão do ser,
movido por um processo social de busca, que se fundamenta a educação e a
produção do conhecimento. A minha
presença no mundo não é a de quem nele se adapta, mas a de quem nele se insere.
A conscientização é exigência
humana, é um caminho para a posta em pratica da curiosidade epistemológica.
Devemos nos conscientizar criticamente da existência dos obstáculos, e nos
voltarmos contra o discurso fatalista neoliberal, pragmático e reacionário. É
na inclusão que nos tornamos conscientes nos inserimos num permanente movimento
de procura em que se alicerça a esperança. Inacabados e movidos pela
curiosidade, exercitaremos tanto mais e melhor a nossa capacidade de aprender e
de ensinar nos tornando sujeitos e não objetos da História.
2.3 Ensinar exige respeito à autonomia do ser do educando.
É fundamental na ética da prática
educativa o respeito à autonomia e à dignidade de cada um. Deve-se lutar contra
toda e qualquer forma de descriminação. O professor que desrespeita a
curiosidade, os gostos e a linguagem do educando, oprime o seu direito a
liberdade e menospreza o seu espírito aventureiro movido pela curiosidade.
Assim como o professor licencioso, este também rompe com a radicalidade do ser
humano e com a sua inconclusão assumida na qual se fundamenta a eticidade. Essa
transgressão da eticidade é, acima de tudo, uma ruptura com a decência.
2.4 Ensinar exige bom senso.
A prática docente é profundamente
formadora e ética, por isso deve-se exigir dos professores a seriedade e a
retidão. O bom-senso é imprescindível na avaliação da prática docente. Ele me
adverte de que exercer minha autoridade de professor na classe, tomando
decisões, orientando atividades estabelecendo tarefas, não é sinal de
autoritarismo de minha parte. É a minha autoridade cumprindo o seu dever. Ainda
nos é corriqueiro confundirmos autoridade e liberdade com autoritarismo e
libertinagem.
Quanto mais metodicamente
exercitamos nossa a nossa capacidade de indagar, de comparar, de duvidar, de
aferir tanto mais eficazmente criticizamos o nosso bom senso, superando o que a
nele de instintivo na avaliação dos fatos. Esta avaliação critica da pratica
vai revelando a necessidade de uma serie de virtudes ou qualidades sem as quais
não é possível nem ela, a avaliação, nem tampouco o respeito do educando.
3.7 – Ensinar exige reconhecer que a educação é ideológica
Na prática docente deve-se ter em mente a força da ideologia nas sociedades. Pois a ideologia está diretamente ligada à ocultação da verdade dos fatos e a distorção dos acontecimentos pela linguagem para dissimular e maquiar a realidade. Assim, é de fato preocupante a possibilidade que temos de facilmente aceitar a ideologia fatalista na qual frequentemente encontramos nos discursos do “pragmatismo” pedagógico, falas como: o que importa é o treino técnico-cientifico do educando e não a sua formação.No exercício crítico de sua prática docente, o professor deve estar atento ao poder de persuasão do discurso ideológico, começando pelo que proclama a morte das ideologias. O discurso ideológico freqüentemente nos desvia dos reais objetivos da educação, pois nos confunde a curiosidade e distorce a nossa percepção dos fatos, das coisas, dos acontecimentos. Imobilizados assim, não esboçamos sequer o mínimo de reação crítica.
Se faz necessário que todos os indivíduos e os recursos produzidos pelos mesmos, estejam à serviço da ética universal do ser humano, aos interesses humanos. A resistência critica ao poder da ideologia, vai gerando certas qualidades que vão virando sabedoria indispensável à prática docente. É preciso saber-se um ser condicionado para que se possa ultrapassar o próprio condicionamento, de modo que, essa a atitude sempre aberta aos demais dados da realidade, conduz a uma desconfiança metódica que evita que nos tornemos absolutamente certo das certezas.
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