sábado, 6 de fevereiro de 2016

Ensinar não é transferir conhecimentos.Paulo Freire


Ensinar não é transferir conhecimentos.

             O Discurso teórico deve estar coerente com a realização concreta do processo educacional. É preciso saber que ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou construção. O professor deve estar aberto a indagações, à curiosidade, à inquietação dos alunos. Essa é uma postura própria de quem pensa certo.

2.1 Ensinar exige consciência do inacabamento.

              A História é um tempo de possibilidades e não de determinismo. Daí que insista tanto na problematização do futuro e recuse sua inexorabilidade. O professor crítico deve estar predisposto a mudança, à aceitação do diferente. Devemos partir para a prática educacional a partir do inacabamento do ser que é próprio da experiência vital, porém, apenas os humanos tornaram-se conscientes do inacabamento.

              Nossa condição humana muda de qualidade com relação à vida animal no suporte. O suporte, é o espaço, restrito ou alongado, a que o animal se prende “afetivamente” para resistir.  Nos outros animais falta no suporte à linguagem conceitual, a inteligibilidade do próprio suporte de que resultaria a comunicabilidade do inteligido. Nós humanos, somos seres éticos porque criamos, comparamos, ajuizamos e decidimos valores, damos forma ao mundo, fomos nos habilitando a inteligir o mundo, criando necessariamente a linguagem do inteligido.

2.2 Ensinar exige o reconhecimento de ser condicionado.

              Somos seres condicionados, porém, historicamente e socialmente o individuo que alcança a consciência do inacabamento pode ir além dele. Homens e mulheres se tornaram educáveis na medida em que se conheceram inacabados. É na consciência da inconclusão do ser, movido por um processo social de busca, que se fundamenta a educação e a produção do conhecimento.  A minha presença no mundo não é a de quem nele se adapta, mas a de quem nele se insere.

             A conscientização é exigência humana, é um caminho para a posta em pratica da curiosidade epistemológica. Devemos nos conscientizar criticamente da existência dos obstáculos, e nos voltarmos contra o discurso fatalista neoliberal, pragmático e reacionário. É na inclusão que nos tornamos conscientes nos inserimos num permanente movimento de procura em que se alicerça a esperança. Inacabados e movidos pela curiosidade, exercitaremos tanto mais e melhor a nossa capacidade de aprender e de ensinar nos tornando sujeitos e não objetos da História.

2.3 Ensinar exige respeito à autonomia do ser do educando.

              É fundamental na ética da prática educativa o respeito à autonomia e à dignidade de cada um. Deve-se lutar contra toda e qualquer forma de descriminação. O professor que desrespeita a curiosidade, os gostos e a linguagem do educando, oprime o seu direito a liberdade e menospreza o seu espírito aventureiro movido pela curiosidade. Assim como o professor licencioso, este também rompe com a radicalidade do ser humano e com a sua inconclusão assumida na qual se fundamenta a eticidade. Essa transgressão da eticidade é, acima de tudo, uma ruptura com a decência.

2.4 Ensinar exige bom senso.

             A prática docente é profundamente formadora e ética, por isso deve-se exigir dos professores a seriedade e a retidão. O bom-senso é imprescindível na avaliação da prática docente. Ele me adverte de que exercer minha autoridade de professor na classe, tomando decisões, orientando atividades estabelecendo tarefas, não é sinal de autoritarismo de minha parte. É a minha autoridade cumprindo o seu dever. Ainda nos é corriqueiro confundirmos autoridade e liberdade com autoritarismo e libertinagem.

              Quanto mais metodicamente exercitamos nossa a nossa capacidade de indagar, de comparar, de duvidar, de aferir tanto mais eficazmente criticizamos o nosso bom senso, superando o que a nele de instintivo na avaliação dos fatos. Esta avaliação critica da pratica vai revelando a necessidade de uma serie de virtudes ou qualidades sem as quais não é possível nem ela, a avaliação, nem tampouco o respeito do educando.
3.7 – Ensinar exige reconhecer que a educação é ideológica
              Na prática docente deve-se ter em mente a força da ideologia nas sociedades.  Pois a ideologia está diretamente ligada à ocultação da verdade dos fatos e a distorção dos acontecimentos pela linguagem para dissimular e maquiar a realidade. Assim, é de fato preocupante a possibilidade que temos de facilmente aceitar a ideologia fatalista na qual frequentemente encontramos nos discursos do “pragmatismo” pedagógico, falas como: o que importa é o treino técnico-cientifico do educando e não a sua formação.
              No exercício crítico de sua prática docente, o professor deve estar atento ao poder de persuasão do discurso ideológico, começando pelo que proclama a morte das ideologias. O discurso ideológico freqüentemente nos desvia dos reais objetivos da educação, pois nos confunde a curiosidade e distorce a nossa percepção dos fatos, das coisas, dos acontecimentos. Imobilizados assim, não esboçamos sequer o mínimo de reação crítica.
             Se faz necessário que todos os indivíduos e os recursos produzidos pelos mesmos, estejam à serviço da ética universal  do ser humano, aos interesses humanos.  A resistência critica ao poder da ideologia, vai gerando certas qualidades que vão virando sabedoria indispensável à prática docente. É preciso saber-se um ser condicionado para que se possa ultrapassar o próprio condicionamento, de modo que, essa a atitude sempre aberta aos demais dados da realidade, conduz a uma desconfiança metódica que evita que nos tornemos absolutamente certo das certezas.






 

 

 

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