A Dislexia –
dificuldade com o mundo da escrita – afeta até 10% da população, desconsiderando cultura, classe social ou gênero. As crianças da sua classe com dislexia podem
aparentar ser lentas e apáticas quando, na verdade, não são. O que acontece é que as suas habilidades são mascaradas por suas
dificuldades com a linguagem escrita e, algumas vezes, oral.
Sintomas da dislexia – dificuldades com leitura, soletração e escrita – acontecem em aproximadamente 85% das dificuldades de aprendizagem
(Cramer & Ellis). É amplamente reconhecido que, enquanto algumas crianças
mostram alguns indícios de dislexia em graus variados, até 5% vão apresentar um
conjunto de problemas severos com a linguagem escrita, o que discutiremos na
seção 2.
Este curso é relevante para todos os professores, já que
todos podem encontrar alunos com dislexia com um grau maior ou menor em suas
salas de aula. Dessa forma, foi criado um treinamento para que todos os
professores a se tornem conscientes sobre o fato de que os alunos apresentam
diferenças em sua habilidade de aprendizagem e a responderem de forma
apropriada a essas diferenças em um contexto de aula inclusivo. Deverá ser
preferencialmente usado na fase de formação de professores, ou seja, antes de
estarem efetivamente diante de uma classe. Para avaliação formal visando
certificação, ministérios nacionais de educação são convidados a avaliar este
curso e administrar certificados adequados como parte de seus programas de
treinamento para professores.
O curso pode ser
adaptado para uso em qualquer contexto linguístico e cultural local.
Primeiramente é dada uma explicação sobre o que é a dislexia e suas
consequências nos vários aspectos da vida, ajudando professores a identificar a
dislexia e saber como adaptar suas aulas às necessidades dos alunos disléxicos.
Em seguida, apresentam-se os princípios e métodos do ensino multissensorial,
necessários para que estudantes com dislexia se tornem letrados e desenvolvam
seus talentos.
Como vários dos professores, que participaram do curso piloto
perceberam, as sugestões, ferramentas e técnicas apresentadas nesse treinamento
são adaptadas não apenas às necessidades de aprendizagem de crianças com
dislexia, mas são também benéficas para todas as crianças em qualquer sala de
aula.
RESULTADOS DA
APRENDIZAGEM
Com este curso, pretendemos que você seja capaz de:
•compreender o que é a dislexia
•saber como identificá-la
•saber como ensinar leitura, soletração e escrita para
crianças com ou sem dislexia
•saber como ajudar crianças a lidar com suas dificuldades
específicas em concentração, memória e organização
•ajudar seus alunos a lidar com sua dificuldade
Você também entenderá que:
•todas as crianças aprendem de forma diferente
•a dislexia tem um impacto duradouro e negativo na criança
•a identificação e a intervenção rápidas são importantes
•os portadores de dislexia têm qualidades que deveriam ser
exploradas, reconhecidas e valorizadas por todos
De um modo geral, esperamos que este curso lhe ofereça tanta
ajuda quanto à oferecida ao Coordenador de Serviços de Suporte em uma escola
elementar o qual nos deu o seguinte feedback:
“Eu fiquei muito impressionado com a
forma como vocês abordaram um assunto tão complexo e o tornaram tão acessível.
É evidente que vocês investiram muito tempo, pensamento, pesquisa e esforço em
criar esta ferramenta de treinamento. Eu a achei informativa, envolvente e
provocativa. Eu sei que tendo lido e absorvido o curso, o conhecimento que
ganhei será de grande ajuda no ensino com todas as crianças e também com as
crianças disléxicas. O curso também ampliou e aprofundou o meu conhecimento da
condição.
Eu particularmente gostei da abrangência do curso: desde a
neurologia, a definição, processos envolvidos na leitura e na escrita, a ajuda
prática para questões mais amplas como os efeitos sociais e emocionais desse
diagnóstico (ou falta de um) nos pais e também nas crianças.
Eu sei que essa ferramenta vai também ser útil como uma
referência, pois voltarei a elementos do curso para refrescar a memória em
ocasiões futuras.”
COMO CONSEGUIR ESTE
CURSO
É aconselhável o trabalho em duplas, ao menos para as perguntas
e atividades. O feedback do estudo piloto sugere que os participantes que
trabalharam em duplas tiveram mais ganhos do que os que fizeram o curso
sozinhos, como eles mesmos disseram:
Nós gostamos de completar as atividades juntos e achamos que as perguntas
‘abertas’ foram especialmente efetivas, porque levaram a várias discussões e como resultado a uma compreensão mais profunda”.
Trabalhar em duplas tornou possível praticar as várias estratégias de
avaliação que eram apresentadas e vão com certeza nos ajudar a lembrar quando
estivermos na sala de aula”.Por favor,
tenha em mente que você pode clicar de qualquer parte do curso em “Glossário” na direita da tela para ter acesso à definição de palavras chave complexas.
Duração: aproximadamente 20 horas, dependendo do tempo extra
dedicado a leituras adicionais no “segundo nível” opcional.
Comentários sobre o curso são bem vindos e ficaríamos gratos
se você completasse e nos enviasse o pequeno formulário de avaliação no final
da Seção 3.
Dificuldade em ler frases simples, se atrapalhar com os sons
ou significados das palavras. Em turmas numerosas, muitos professores talvez
não consigam identificar que situações como essas podem ser muito mais do que
um mero desnivelamento entre alunos, mas algumas das características da
dislexia. Considerada um distúrbio e não uma doença, a dislexia é um transtorno
manifestado na aprendizagem da leitura e escrita dos estudantes. Por ser
invisível a muitos educadores, a UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) em
parceria com o Instituto ABCD lançaram uma plataforma de formação on-line
gratuita para professores. O ambiente virtual vai oferecer desde conteúdos
básicos sobre o tema, formas de identificar o distúrbio e de adquirir técnicas
para ensinar leitura, soletração e escrita até apontar como melhorar o ambiente
escolar, fazendo com que os estudantes lidem com suas dificuldades específicas
em concentração, memória e organização.
O curso foi desenvolvido a partir da versão criada
originalmente pela Dyslexia Internacional e autorizado pelo Ministério de
Educação Superior, da Pesquisa Científica e das Relações Internacionais da
comunidade francófona belga. O material foi financiado pela Unesco e lançado em
quatro de suas seis línguas oficiais: árabe, chinês, inglês, francês, russo e
espanhol.
crédito iunewind / Fotolia
No Brasil, o conteúdo
direcionado ao treinamento dos professores foi trazido pela UFMG, que, em
parceria com o Instituto ABCD, adaptou-o para a língua portuguesa e lançou a
plataforma. Os conteúdos podem ser acessados no link
http://dislexiabrasil.com.br. “Em outros países, o conceito de dislexia faz
parte do dia a dia escolar. Aqui, ainda temos dificuldade para garantir que as
pessoas entendam o que ela é. Por conta disso, estamos trabalhando,
principalmente, na conscientização do público e em um caráter mais específico,
a partir da disponibilização desse material. Ele traz tanto questões
científicas quanto técnicas, com a proposta de empoderar os professores de
diferentes formas”, afirma Monica Weinstein, presidente e diretora do Instituto
ABCD e mãe de uma filha com dislexia e discalculia – problema que gera
dificuldade de aprendizagem de uma pessoa de compreender e manipular números.
“Se não tivermos os docentes do nosso lado não conseguimos
mudar esse cenário. Tentamos evitar a cronificação, que é chegar a um cenário
mais agravante da dislexia no país”
Para Weinstein, a capacitação é fundamental para que os
professores coloquem o tema cada vez mais em pauta. Cerca de 10% da população
mundial, desconsiderando cultura, classe social ou gênero, é afetada pela
dislexia, de acordo com estudo feito por cientistas da universidade College
London, no Reino Unido. “Se não tivermos os docentes do nosso lado, não
conseguiremos mudar esse cenário. Tentamos evitar a cronificação, que é chegar
a um cenário mais agravante da dislexia no país”, afirma.
Para acessar os conteúdos, os professores precisam estar
cadastrados na plataforma. Os materiais, que incluem textos, PDFs e vídeos,
podem ser usados de forma ilimitada. Como o curso não é modular, o usuário pode
gerenciar um cronograma próprio para suas aulas – que têm, em média, 20 horas
–, além de responder a um questionário no final do curso, para receber um
certificado. Além disso, por conta de seu conteúdo técnico, a plataforma também
pode ser usada por especialistas, como pedagogos ou médicos, que trabalham com
crianças e jovens. “O curso não tem tanta interatividade, porém permite que
professor organize seu tempo da forma como quiser”, diz.
Weinstein afirma que
esse treinamento é importante porque dá ferramentas e empodera o professor para
saber o que fazer e entender as necessidades de cada estudante. “O professor não faz diagnóstico porque ele
não tem especialidade para isso. No entanto, é ele quem passa grande parte do
tempo com o aluno, no dia a dia, em sala de aula. Ele não precisa fazer um
diagnóstico, mas um check list, já que aprende a perceber os perfis de alunos.
Dessa maneira, o professor passa a entender que as dificuldades não estão
ligadas ao histórico escolar do aluno, de maus professores, mas porque o
estudante pode ser um disléxico e realmente ter problemas em aprender”, diz.
Além da bagagem conceitual, o treinamento oferece orientações
bastante aplicáveis ao cotidiano escolar, como a realização de exercícios de
leitura oral com alunos com dislexia (uma vez que eles têm dificuldade em se
concretar na leitura escrita) ou a não descontar pontos por erros ortográficos.
“Essas são algumas orientações genéricas, que estão nas mãos dos professores e
não dependem de grandes investimentos”, afirma.
A ausência de um
diagnóstico precoce considera Weinstein, pode interferir diretamente na
autoestima e motivação, deflagrando a evasão e o fracasso escolar. “Os alunos
com dislexia que recebem uma formação adequada em alfabetização, por exemplo,
com cuidado especial, em seis ou oito meses conseguem render dois anos de
atraso”.
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